Como não consertar garfos das motos

Este vai ser o primeiro dos artigos de uma série sobre gambiarras de oficina. E para estrear em grande estilo, trouxe aqui uma forma bizarra de consertar a suspensão dianteira das motos.

O garfo da suspensão dianteira – também conhecido como “bengalas”, é composto basicamente por dois tubos cilíndricos de aço inoxidável montados dentro de outros dois tubos de algum outro material (geralmente aço nas motos mais baratas, ou alumínio nas mais caras). Este outro tubo, de maior diâmetro, e conhecido como “canela”.

Nas motos esportivas, a configuração das bengalas é “up-side-down”, ou “de cabeça para baixo”. É o nome que se dá quando a “canela” é montada na parte superior do garfo.

Pois bem. Quando a moto sofre uma colisão frontal é comum entortar, ou mesmo quebrar, os tubos que compõe o garfo da suspensão. Outros danos comuns neste tipo de acidente – embora menos comuns – são a quebra do chassi e da coluna de direção.

Quando os tubos do garfo entortam ou quebram, o reparo correto é um só: Substituição das peças comprometidas. Mas há quem queira economizar e tente consertar esses tubos. Quando o dano é apenas o empenamento (entortamento) dos tubos, algumas vezes é possível alinhar novamente as peças (sem garantia de que realmente fiquem 100% alinhados). Mas quando eles se quebram, o reparo fica bem difícil.

Foi o que aconteceu com esta moto: Uma Kawazaki ZX-9R. O sujeito que era o proprietário dela na época resolveu simplesmente cortar o pedaço do tubo que quebrou, arrumou outros tubos do mesmo diâmetro, e fez uma rosca para unir as duas peças.

Esse é o famoso “Conserta ai pra eu vender, o problema é de quem comprar”. Como as bengalas são do tipo “up-side-down”, a emenda fica escondida dentro da canela, então só foi possível descobrir essa “desgraça” depois de desmontar a suspensão.

Os riscos desse tipo de reparo são evidentes, mas vamos lá:

A rigidez do garfo é comprometida
Para fazer essa rosca, foi necessário desbastar ambos os tubos que compõe a bengala, um internamente e outro externamente. Isso significa que na rosca cada tubo possui metade da espessura de metal do que originalmente. E a conclusão óbvia é que essa região não vai ter a mesma resistência mecânica, tornando-se muito mais frágil.

O garfo da suspensão tem que suportar freadas bruscas, buracos e impactos diversos durante a condução da motocicleta. Tudo o que você não quer é que ele seja frágil.

Impossibilidade de alinhamento
Por melhor que as roscas fiquem, é impossível acabar com a folga entre as duas partes do tubo. Logo, eles sempre vão ficar desalinhados. Essa folga também vai fazer com que a moto se torne extremamente instável em alta velocidade. Acima de 100 km/h já é possível perceber. E convenhamos, ter uma moto esportiva para andar desse jeito beira o absurdo.

Risco de morte
Nem preciso dizer né? A moto é ruim de pilotar e ainda pode quebrar durante a pilotagem. A chance do piloto se machucar gravemente – ou mesmo morrer – é grande.

Portanto fica a lição: Nunca, jamais, faça emendas nos tubos das bengalas. Quebrou? Troque.
Que você achou? Conhece algum outro caso e reparo bizarro em alguma moto?

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