Projeto Explore – Pitanga, Martha, Léo e Dani em Itacaré/BA

Depois de algum tempo sem relatos do Projeto Explore, eis que um de nossos leitores mais ativos, o Pitanga, nos envia um belo relato de sua viagem para conhecer a Praia Pé de Serra, em Itacaré/BA.

O relato é um pouco longo, mas passa bem a emoção e o clima da viagem. Acompanhe:

Olá Daniel e amigos do Motos Blog,

É com muito prazer e orgulho que escrevo contando como consegui fazer o desafio do projeto explore: Praia Pé de Serra entre Itacaré e Ilhéus. Na verdade, como disse antes, o nome correto do local é Serra Grande.

Relato da viagem

Em setembro entrei em contato por e-mail com o albergue “O PHAROL” em Itacaré para fazer uma reserva depois de ver as fotos na internet. Pelas fotos o albergue parecia excelente com diárias para casal em suítes completas por 65,00 (TV, Ar, frigobar). Em se tratando de um lugar altamente turístico e paradisíaco como Itacaré a diária estava super barata. (Pessoal, vale à pena visitar Itacaré pois tem uma vida noturna agitada e as praias são fantásticas.)

Transferi R$ 40,00 para o albergue para garantir a vaga e marquei a viagem para o dia 22/10/11, Sábado, com saída Domingo.

Falei com um amigo de Vitória da Conquista que se interessou em ir com a noiva. Léo e Dani fizeram a reserva no mesmo albergue e saíram de V.C. na sexta (dia 21) de manhã para Itacaré. Uma viagem de aproximadamente 300 KM.

Marquei com algumas pessoas do meu moto grupo e eles ficaram de pensar. Acontece que na semana da viagem caiu o maior aguaceiro aqui em Salvador. Caramba, parecia o próprio dilúvio! Logo na semana da viagem cai uma chuva dessas aqui! O pessoal do moto grupo (Os Dispirocados) desistiu! Ficamos sós, eu e minha federal Martha.

#13 – Praia Serra Grande – Itacaré-Ilhéus / BA

Na quarta-feira, um vizinho que tem uma Hornet resolveu (com a noiva) embarcar nesse desafio depois que eu falei da proposta do Motos Blog e de mostrar a ele os relatos e fotos dos outros desafios. Ele se empolgou e disse que iria mesmo caindo canivete aberto! E que um amigo dele iria de carro com a namorada pois iriam passar uns 4 dias em Itacaré. Fiquei empolgado com as companhias e lá adiante vou contar o que aconteceu.

Na véspera da viagem – sexta – a chuva aumentou demais e o meu amigo da Hornet disse-me que o Ferry Boat (embarcação grande que faz a travessia Salvador – Ilha de Itaparica de carros, motos e passageiros) provavelmente suspenderia as viagens pois a Baia de Todos os Santos estava muito revolta e o vento estava tornando a viagem muito insegura.

Explicação: Saindo de Salvador para Itacaré pela estrada (BR’s 324 e 101) o percurso fica em aproximadamente 500 KM. E saindo de Salvador para Itacaré pelo Ferry o percurso fica em incríveis 230 KM. Claro que qualquer um prefere ir pela Ferry pois a viagem é mais curta e as estradas são mais pitorescas além da travessia da baia que já é um fato muito bom, principalmente para quem não conhece.


Exibir mapa ampliado

Bem, voltando ao relato, na sexta recebo um telefonema de meu amigo Léo que o albergue era maravilhoso, e fica bem no metier de Itacaré e que eles estavam adorando e que inclusive fazia sol. Isso foi 15 horas! Aqui em Salvador o pau comia no centro: Caia uma chuva torrencial! Liguei para Sidney da Hornet e ele disse que iria assim mesmo! Não era eu que iria desistir! Sair com Martha para um jantar e a chuva só fazia aumentar. Claro que a Martha estava preocupada!

A proposta decente

Fiz a Martha e a Sidney e noiva a seguinte proposta: Arrumamos as bagagens, sairíamos de casa 5:30 para pegar o Ferry de 6 hs. Se, chegando no Ferry estivesse inoperante a gente desistia e voltava para casa com o rabinho entre as pernas. Não daria para pegar a estrada pois era muito longo o caminho a percorrer. Confesso que nem dormir direito na expectativa da viagem. Iria dá certo? pensava toda hora!

Despertador tocou 5h em ponto! E o celular tocou em seguida. Sidney e a noiva tinham desistido em cima da hora e que o amigo deles que iam de carro também não iriam mais. PO!! Confesso que ficamos frustados. mas sou teimoso. 5:30, ainda meio escuro por causa do horário de verão, arrumei a bagagem na minha SAHARA 98 e saímos. Estranhamente não estava chovendo, apesar de ter chovido a noite toda. Chegamos no ferry e não tinha fila e estava operando quase normalmente. Avisaram que o mar estava “jogando” um pouco mas nada demais. Paguei a passagem (R$ 24,50 moto com piloto + garupa) e embarcamos meio tristes pela falta de companhia. Só tinham Léo e noiva Dani que já estavam lá.

O mar jogava muito e tive que segurar a moto para não cair. Foi 1:15 horas de travessia. Chegamos na Ilha de Itaparica 7:15. Colocamos a nossa roupa de chuva (começava a chover) e pegamos a estrada. Entre a Ilha de Itaparica do local de atracamento do Ferry (Bom despacho é onde atraca o ferry) e Nazaré são 63 KM de estrada e haviam trechos de muitos buracos mas nada que uma Sahara não passe com facilidade (imagina uma V-Strom!). Em Nazaré pegamos outra estrada que sai em Valença (mais 44 km) debaixo de fortes chuvas eu pilotava com muito cuidado pois a visibilidade estava comprometida demais, pois uso óculos de grau e a viseira do capacete, em virtude da respiração quente com o ar frio de fora embaçava constantemente. Abria um pouco e a chuva entrava. Tinha curvas que entrava com 50, 40 km/h. Eu sabia que aquela altura, uma queda da moto, mesmo devagar, minha mulher jamais subiria numa moto novamente. TU É TEIMOSO DEMAIS dizia ela.

Acontece o primeiro fato interessante: este mundo é realmente pequeno demais!
De Valença passamos por dentro de diversas cidadezinhas até chegarmos em Camamu (aproximadamente 70 KM). Em Camamu paramos em um posto de combustíveis e aproveitei para tirar água do joelho. Estava indo em direção ao banheiro quando um cara que nunca vi mais gordo entra junto. Falei sobra a chuva e ele disse que estava de carro e que um amigo estava certo em ir de moto para Itacaré mas resolveu desistir de última hora por causa da chuva. Prevendo uma incrível coincidência peguntei o nome do amigo dele: Esse mesmo, Sidney! Cara, essa foi demais! Sidney tinha ligado 5hs me dizendo que o amigo não iria mais. E disse para o amigo (Ademir) que eu não iria mais! Aí o destino fez esse encontro num posto de combustível. Rimos da cara do Sidney e seguimos viagem juntos, eu de moto e ele de carro e debaixo de chuva torrencial!

De Camamu para Itacaré são aproximadamente 50 KM de estrada linda e sinuosa e chovendo muito tínhamos que ir devagar mesmo! Entramos em Itacaré meio dia debaixo de muita chuva e procuramos o albergue. Meu amigo Léo com a noiva (um amor de pessoa, a Dani) já nos esperavam na porta e foi aquela alegria. O meu novo amigo Ademir (que também é motociclista e faz parte de outro moto grupo aqui em Salvador) foi para outra pousada já reservada com antecedência. Marcamos com Ademir para ele vir de carro nos pegar para o almoço umas 14 horas. Incrivelmente a chuva desapareceu e abriu um lindo sol. Ademir chegou de carro mas fomos todos andando pela cidade que tem muitas opções de restaurantes. Comemos uma moqueca de peixe (dourado de água salgada) ao molho de camarão e uma moqueca de siri catado e só pagamos R$ 50,00 por casal e várias cervejas pois depois dessa chuva toda só comemorando com umas geladas o sol maravilhoso. À noite fomos conhecer a famosa Itacaré e realmente é tudo como falam. Imaginem no verão, alta estação sem chuva????

Choveu muito de noite e marcamos para o dia seguinte a ida para Serra Grande. Já era 9 hs da manhá e liguei para o Ademir que cai na caixa. Combinei com Léo que iríamos nós 4 de moto (Léo tem uma XRE 300). De Itacaré para Serra Grande indo no sentido de Ilhéus são 30 KM (para ilhéus são mais 34 KM). Como havia chovido muito a estrada estava muito molhada e são várias curvas de 90º. Chegamos em Serra Grande e tivemos dificuldades de nos mantermos na moto pois, mesmo sendo uma Sahara e uma XRE300 tinha muita lama no mirante, onde foi tirada a foto oficial do Projeto Explore.

Martha e Dani

Martha, Leo e Dani

Martha, Pitanga e Dani

O tempo fechava novamente e buscamos um ângulo para a foto ficar igual a do projeto. Ventava muito no mirante e começa a chover. Tiramos algumas fotos e voltamos para Itacaré debaixo de muita chuva. Veja este pequeno vídeo e vai entender:

Começamos a arrumar a bagagem para a volta. A chuva deu uma trégua e pagamos as contas e saímos para a estrada. Léo com a noiva pegou outra estrada para voltar para a terra deles – Vitória da Conquista. Eu e a Martha pegamos o caminho de volta para Salvador. Ademir ficou com a noiva Ana em Itacaré para mais um dia. Mais uma vez eu e Martha estávamos sós. Pelo menos isso era o que eu pensava até acontecer o segundo fato que me deixa arrepiado até agora.

Deus existe, é Brasileiro e é Motociclista!

Estava voltando para Salvador e eram 5 horas da tarde entre Nazaré e Bom despacho(ilha de Itaparica). Estava com uma velocidade de 110, 120 KM/h em retas apesar de ter chovido um pouco e a pista molhada. Em certo momento Martha fez sinal para eu diminuir a velocidade pois a bagagem parecia solta. Eu já ia parar a moto quando ela mandou eu ir embora pois tinha sido “impressão” dela. Em menos de 3 minutos, em uma reta enorme, a poucos metros da gente, um carro (Corsa preto sedan) em sentido contrário, em alta velocidade, sai para o acostamento, rodou na pista dele, atravessou rodopiando para a nossa pista e caiu dentro do mato. Passamos por ele com o corpo tremendo igual vara verde. Parei a moto uns 100 metros adiante, respirei e voltei. Tinha parado dois carros e quando cheguei ao local o cara do Corsa estava em pé, todo ensanguentado e TOTALMENTE BÊBADO! Cara, confesso que fiquei injuriado. Tive vontade de acabar de quebrar a cara do sujeito. Falei com o pessoal que parou para ajudar que iria embora e se visse alguma viatura da polícia iria formalizar a denuncia do acidente. Mas infelizmente não vi qualquer policial. Coisas da Bahia! Pensei: Um FDP desse é que mata a gente!

Pessoal, sou meio ateu e atoa. Detesto religião pois acho-as (todas) umas máquinas de ganhar dinheiro e ludibriar o povo sofrido. E o Deus que nos protege não tem nada a ver com religião. Tem um ditado que diz: “Acredito no Deus que fez os homens e não no Deus que os homens fizeram“. Essa é a única ligação que tenho com Deus. Se Martha não tivesse atrasado um pouco a viagem me fazendo reduzir a velocidade da moto, cronologicamente poderíamos estar mortos. É a segunda vez que estamos em uma viagem de moto e acontece algo semelhante. A primeira foi em 1981 mas um dia conto. Martha deve ter um anjo que a protege e, por tabela, a mim também! Eu, depois dessa, só viajo com ela. hehehe. Não é a toa que estamos juntos desde os 17 anos e já estamos com 53.

Não vou mais me alongar nesse relato senão fica uma coisa chata demais. Infelizmente não deu para entrar na estrada que dá na cachoeira de Pancada Grande na cidade de Ituberá (perto de Camamu) por causa da forte chuva.

No final ficamos todos satisfeitos e felizes. E toda essa felicidade, mesmo com chuvas fortes, possível acidente fatal, foi por causa dela: A MOTOCICLETA! Quem anda de moto, quem viaja de moto sempre tem uma história interessante para contar que nunca deixaremos esquecer na memória e nas fotos.

Pretendo fazer em 2012 os outros dois desafios da Bahia do projeto explore.

Abraços a todos desse excelente blog de motos. Valeu Daniel e que Esse Deus que nos protege dos bêbados ao volante, dos idiotas que soltam pipa com cerol e de todos aqueles que nos machucam de alguma maneira, fique sempre com as mãos sobre nossas cabeças e de todos os motociclistas.

– PITANGA

Caramba Pitanga, que história! Mas você realmente é muito teimoso. Devia ter deixado para viajar quando o clima fosse mais favorável. Não vale a pena arriscar o pescoço por uma foto. De qualquer forma, são esses momentos que fazem a aventura ficar ainda mais interessante. Parabéns a vocês!

Este é um destino que eu quero visitar no ano que vem. Este ano eu ainda quero conhecer a Serra do Rio do Rastro, em SC, mas no ano que vem vou atrás dos destinos da Bahia.

O Pitanga, sua esposa e seus amigos conheceram um dos destinos do Projeto explore. Existem 20. O que você está esperando para viajar? Visite a página oficial do projeto e escolha o destino mais próximo! Tenho certeza que quando começar a viajar de moto, não vai mais querer parar.

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