Comunicador Bluetooth Scala Rider Q2 – Teste completo

Semana passada a Speed Store me mandou um kit do comunicador para motos que tem a fama de ser o melhor do mundo, o Cardo Scala Rider. Eu testei, e o aparelho é realmente fantástico! Acompanhe.

Caixa do Scala Rider Q2 Multiset

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História

Muita gente gostaria de poder andar de moto e conversar com a pessoa na garupa sem se atrapalhar com a pilotagem. Todo motociclista sabe que conversar com o garupa é extremamente complicado, só dá para fazer em baixa velocidade, e ainda assim a atenção é completamente comprometida, pois o piloto tem que virar a cabeça para trás para que o passageiro escute direito.

Algumas tentativas para solucionar esse problema foram feitas. Eu mesmo já procurei várias vezes, e me frustrei em todas. Já tentei comunicadores com fios, por rádio (aqueles Talkabout Motorola), modelos que diziam ser “específicos para moto”, mas nenhum funcionou direito.

Comunicador com fios

Comunicadores com fios são ainda piores, pois limitam os movimentos em cima da moto, e você sempre tem que se lembrar dele quando vai descer. Eu já tive um desses, sei do que estou falando.

Mas o inconveniente dos fios não é o pior do que o barulho do vento. O microfone capta todo som que está a sua volta, seja o vento, o motor da moto, ou a sua fala. À medida que a velocidade da moto aumenta, aumenta também o barulho de vento, e acima de 80 km/h já é impossível ouvir qualquer outra coisa que não seja ele. Era necessário aplicar algum tipo de filtro no áudio captado para que nos alto-falantes só fosse reproduzido o que realmente interessa: A voz.

Então os comunicadores foram divididos em duas grandes categorias: Os que simplesmente não funcionam, e os que são extremamente caros, feitos artesanalmente por entendidos de eletrônica, montados por encomenda e instalados na moto como um som automotivo, onde o piloto tinha um conector de áudio na moto e o garupa outro, e então ficavam responsáveis por conectar e desconectar seus capacetes quando fossem subir ou descer.

Em 2007 então, a Motorola, que já era reconhecida por fabricar rádios, telefones celulares e seus acessórios, lançou um Headset Bluetooth, o HS-830, que era específico para uso com capacetes. Na verdade, tratava-se apenas de um Headset Bluetooth convencional, mas que possuía um conector e um kit para capacete. Funcionava bem, mas só servia para atender o celular, e não fazia uma boa filtragem do ruído no áudio, então nada de andar acima de 50 km/h enquanto fala ao telefone.

Motorola HS-830

Mais ou menos na mesma época, a Cardo Systems, uma empresa Norte Americana, estava desenvolvendo um tipo diferente de Headset Bluetooth, e a primeira versão foi o Scala Rider, um aparelho que era anexado ao capacete, com um alto-falante e um microfone, e providenciava comunicação Bluetooth com o celular, mas que também possuía o recurso de comunicação com outro Scala Rider igual. Completamente sem fios! Foi o primeiro comunicador realmente viável para uso em motos. Ele foi revolucionário pois, além de conversar com o celular, ele possuía este recurso de comunicador, que não existe até hoje nas especificações do padrão Bluetooth, é uma tecnologia proprietária da Cardo. Além disso, ele possuía uma eletrônica totalmente digital e um DSP (Digital Sound Processor), que faz um bom trabalho em eliminar o ruído externo.

Primeiro Scala Rider

Foi um grande sucesso, e com o tempo, a tecnologia foi evoluindo, os circuitos foram ficando mais baratos e novas funções foram incorporadas, a produção em escala também ajudou a baratear o equipamento e a Cardo foi ganhando mercado.

Muitas cópias surgiram, como essa que eu recebi no ano passado para testar, mas me recusei a falar bem.

Fone Bluetooth para capacete (que não funciona)

E este outro, chinês, cópia descarada do Cardo, mas de qualidade muito duvidosa.

Comunicador Chinês

Mas chega de história, vamos ao teste.

Scala Rider Q2 Multiset

A primeira impressão já aparece ao ver a caixa do Scala Rider Q2: Muito bem acabada, lembra fibra de carbono, e é fechada por um imã. Por cima dela, vai uma capa estilo blister, desses de pendurar em prateleiras suspensas, com todas as informações importantes sobre o produto.

Traseira da caixa

Ao abrir a caixa, a primeira coisa que se vê é o manual, em 5 idiomas (inclusive o português), etiquetas de aviso sobre o risco de uso do aparelho, certificado de garantia e registro.

Manual do Scala Rider

Bem diferente do chinês, não?

Pois bem, na caixa estão duas bandejas com todos os itens que compõe o kit. Este kit é o Scala Rider Q2 Multiset. O “Multiset” indica que é um kit para dois capacetes, e que eles já vêm “pareados” de fábrica, ou seja, já estão prontos para conversar um com o outro. Você pode parear um desses fones com mais outro Scala Rider (inclusive de versões mais antigas!). Mas isso eu explico mais adiante. O importante é saber que ele já vem pronto pra falar.

Componentes do Kit

O Kit é composto por:

  • 2 aparelhos Scala Rider Q2
  • 2 grampos para capacete (cada uma com 2 alto-falantes e 1 microfone com haste flexível)
  • 2 bases adesivas para capacete (para o caso de não ser possível parafusar os grampos)
  • 2 chaves hallen (para parafusar a base no capacete)
  • 4 velcros para fixar os alto-falantes
  • 2 espumas extras para o microfone
  • 2 carregadores de parede
  • 2 bolsinhas de transporte em Neopreme
  • 2 fios para conexão com MP3 Player

É importante lembrar que não é necessário furar o capacete! Vou explicar adiante.

Há também o Kit normal (Scala Rider Q2), que vem com o necessário para apenas um capacete. É o mesmo aparelho, porém, para usar com outro capacete, é preciso que a outra pessoa possua um outro aparelho. É ideal para quem usa a moto mais tempo sozinho e quer apenas atender o celular, com a possibilidade de eventualmente parear o Scala Rider com o Scala Rider de um amigo.

Instalação

A instalação de cada Scala Rider no capacete é simples, mas deve ser cuidadosa. O manual diz que é possível instalar em 5 minutos, mas eu levei mais tempo, principalmente para acertar a posição do alto-falante no capacete.
Primeiro, devem ser afrouxados os parafusos que fecham o grampo do capacete, afim de abrir o grampo para fixa-lo a parede do capacete.

Grampo aberto para capacete

Depois, deve-se fixar o grampo na parede esquerda do capacete. A maioria dos capacetes aceita esse encaixe, e esta é a instalação recomendada. Mas se em algum capacete não for possível fixar o grampo dessa forma, há uma base com um adesivo, e você pode colar essa base na parede esquerda do capacete, e então prender o grampo a essa base.
Uma vez que a base está fixada no capacete, apertar os parafusos com a chave Allen fornecida para prende-la no lugar. O resultado é este:

Grampo instalado no capacete

Agora, é só ajustar a haste do microfone para que fique na frente da boca, e fixar os alto-falantes nas laterais internas do capacete, um de cada lado.
Essa etapa é um pouco trabalhosa, pois é meio difícil acertar a posição deles de modo que fiquem bem “na frente” dos ouvidos, e na altura e distância corretas. Além disso, se posicionados incorretamente, eles podem incomodar e até machucar os ouvidos na hora de colocar ou tirar o capacete. Então é importante realizar essa etapa com calma, cuidado e paciência.

Alto-falante no capacete

Neste exemplo, o alto-falante ficou visível, mas depois eu acabei colocando o mesmo por dentro da forração do capacete, por baixo do tecido.

Agora que está corretamente instalado, é só conectar o aparelho nele, deslizando-o sobre o trilho plástico até ouvir um click.

Scala Rider Q2 instalado

Basta repetir o processo no outro capacete, e pronto. Para ligar os aparelhos, basta segurar o botão CTRL até que seu Led azul pisque. Depois faça o mesmo com o outro capacete e, em alguns segundos, ambos os capacetes já estarão falando um com o outro.

Funcionando

É na moto que o Scala Rider mostra realmente por que é melhor. O primeiro de tudo: Ele funciona, e muito bem. Andando, não se ouve absolutamente nenhum ruído de motor ou de vento saindo dos auto-falantes, apenas a outra pessoa falando. Além disso, à medida que a velocidade da moto aumenta (e consequentemente, o barulho do vento), ele ajusta o volume automaticamente para manter a conversa no mesmo nível. Esse ajuste é praticamente imperceptível, e só sabemos que ele está ajustando, pois é a única forma de manter a conversa com a mesma qualidade. Eu testei em velocidades acima de 180 km/h e o som continuou perfeito.

A bateria dura 8 horas em conversação, e até uma semana em standby. O legal é que ele entra em standby e volta a conversação automaticamente! Se você ficar quieto por 30 segundos, ele entra em standby, e para ligar ele de novo, basta falar alguma coisa. Ele “acorda” e se conecta ao outro na mesma hora.

Para falar ao celular, o processo é bem semelhante: Você faz o pareamento dele com o celular de forma muito similar a qualquer outro headset Bluetooth. Quando o celular toca, você ouve o toque dentro do capacete. Para atender, basta dizer qualquer coisa (“Alô”, por exemplo), e caso não queira atender, basta ficar quieto. Você atende as ligações e fala com o passageiro sem tirar as mãos do guidom.
A qualidade das ligações é fantástica. A pessoa do outro lado da linha pensa que você está no escritório e nem desconfia que você esteja andando de moto. Além disso, pelo fato de ele ficar totalmente instalado no capacete e não ter nenhum fio externo faz com que a liberdade de movimentos não seja prejudicada. Ele é leve e não pesa no capacete.

Recursos

O Scala Rider Q2 possui recursos interessantes.

Você pode deixar o Scala Rider pareado com o celular e com o passageiro ao mesmo tempo. Se o telefone tocar, a comunicação com o garupa é interrompida, e você fala apenas ao celular. Quando desligar a ligação, a conexão com o passageiro volta automaticamente. O mais legal é que você faz tudo isso sem tirar as mãos do guidom! As únicas vezes que você aperta um botão no aparelho são para ligar ele no inicio da viagem, e desligar no fim.

Ele é inteligente para saber como funcionar em cada situação. Quando você liga o Scala Rider, ele vai procurar pelo outro Scala Rider com quem ele já está pareado. Se não encontrar, ele procura pelo seu celular. É automático, ele sempre vai estar conectado a algum dos dois, e você não precisa se preocupar com perder ligações. Mesmo andando sozinho, ele é muito útil.

Você também pode parear ele com um GPS que suporte Bluetooth. O GPS vai dar as instruções (“Vire a Direita”, “Vire a Esquerda”, etc) diretamente no seu capacete.

Além de ele ser um fone Bluetooth para o seu celular e um comunicador piloto-passageiro, ele também pode ser usado para conversas entre piloto-piloto. O alcance dele é de até 500 metros em espaço aberto. Então, são três Scala Rider pareados ao mesmo tempo. Porém, você só pode falar com uma pessoa de cada vez (ou fala com a outra moto, ou com o passageiro). Para intercalar entre as pessoas com quem quer falar, basta apertar o botão SRC.

Ele possui também um sintonizador FM. Eu confesso que não gostei, achei bem difícil de sintonizar as estações e não consegui ajustar o volume de forma confortável neste modo. Mas não deixa de ser um recurso do aparelho.

E por último, ele possui uma entrada auxiliar que permite você ligar um MP3 player (ou qualquer fonte de áudio com conector P2). É possível ouvir música do celular por Bluetooth também, mas a qualidade não é muito boa, pois o perfil Headset não é A2DP, ou seja, não é estéreo, e possui grande compressão de dados. Mas de qualquer forma, eu não recomendo ouvir música enquanto pilota a moto, pois é meio perigoso, tira a atenção e atrapalha para ouvir os barulhos externos.

O Scala Rider Q2 é a prova d’água, resiste a chuvas e a intempéries de todo tipo. Seu corpo é emborrachado e ele possui apenas 4 botões: 2 de volume, um liga-desliga-atente, e um para trocar de interlocutor.

Conclusão

O Scala Rider Q2 Multiset é um kit completo para quem quer conversar andando de moto. Ele conversa com o passageiro na garupa, com o piloto de outra moto, atende o celular, ouve o GPS, sintoniza FM e toca o som do MP3 Player, tudo de forma automática e sem precisar tirar as mãos do guidão. É certamente uma excelente compra para quem procura um kit que realmente funcione bem. E com o preço promocional da Speed Store, que já é campeão, mais os 5% de desconto do cupom MOTOSBLOG, o preço fica irresistível. Aproveite!

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