10 dicas para viajar tranquilo

Pouco antes de sair para uma motocada que durou seis dias por estradas do Brasil, Argentina e Uruguai, fui convidado pelo Daniel para escrever aqui no Motos Blog. De volta à casa, é com prazer que compartilho com vocês as lições mais relevantes que aprendi nos pouco mais de 2.600 quilômetros que rodei.


Há muitos pontos a serem discutidos quando se sai para uma viagem, curta ou longa, de moto: os 10 tópicos que enumero abaixo não pretendem esgotar o assunto e sim colaborar com quem pretende praticar o mototurismo fomentando a discussão a respeito dos potenciais problemas e como evitá-los. Vamos a eles.

1. Sendo o meio de transporte que nos levará por caminhos desconhecidos, a moto merece uma atenção mais do que especial: uma revisão geral, pneus em bom estado e filtro e óleo novos são o mínimo necessário para uma viagem tranquila (e durante a viagem, não dá para esquecer de calibrar os pneus e lubrificar a corrente). A cilindrada da moto, na minha sincera opinião, não é importante: o que intreressa é que seus limites seja respeitados, bem como os do piloto e do garupa.

2. Considere a possibilidade de levar um GPS para guiá-lo durante a viagem: ele é especialmente útil nas cidades grandes, onde chegar até o hotel, passear pelos pontos turísticos e achar a melhor saída pode ser uma tarefa demorada e arriscada. Mesmo com ele, é importante manter uma folga nos horários dos compromissos mais importantes quando uma área movimentada está no roteiro e levar um mapa impresso (para o caso das pilhas acabarem ou o mapa da região estar mal traçado) não custa nada.

Quase perdemos o Buquebus por conta do trânsito de Buenos Aires

3. Ter os documentos necessários em mãos evita dores de cabeça desnecessárias e até um eventual cancelamento da viagem. Como eles variam de país para país, é preciso confirmar o que está sendo exigido naquele momento. Para Argentina e Uruguai, atualmente é necessário ter uma identidade recente ou passaporte, habilitação, documentos do veículo (em caso de alienação pode ser necessária uma liberação da alienante) e um seguro carta verde.

4. Indicações economizam tempo e dinheiro, sejam elas de hotéis, pontos turísticos ou condições das estradas. Uma busca no Google rapidamente identifica quem viajou pelos lugares que estão na sua rota e pode ajudar com dicas e sugestões (eu, naturalmente, estou à disposição para ajudar no que for possível).

Essa estrada não estava nos planos

5. Um dos problemas mais chatos que pode acontecer em uma viagem é ficar sem combustível. Uma boa alternativa para evitar esse problema é levar uma lista da localização dos postos de combustível impressa ou no GPS (a YPF, por exemplo, oferece esse serviço em seu site no item “Servicios en la ruta”). Mesmo com essa segurança, não conte com a autonomia normal de sua moto, já que as gasolinas variam muito e eventualmente alguns postos não terão um determinado tipo.

6. Reservas em hotéis são obrigatórias especialmente nos finais de semana e feriados. Para não comprar gato por lebre, procure dicas com quem já se hospedou na cidade escolhida: chegar moído no final do dia e descobrir que o hotel não era o que parecia no site é frustrante (se possível, escolha um com piscina para relaxar os músculos da viagem e se preparar para o próximo dia).

Quem projetou esse quarto?

7. No passado, ouvi relatos de muitos motociclistas que tiveram problemas com a policia caminera nas estradas da Argentina e do Uruguai. Apesar de ter sido abordado várias vezes e liberado em minhas duas últimas viagens à região, infelizmente não é possível afirmar que esses são problemas do passado, mas acredito que hoje em dia a incidência desses eventos seja muito menor e o que podemos fazer sobre isso é estar com os documentos em ordem.

8. Nem todos os comércios (especialmente os pequenos restaurantes e postos de gasolina) aceitam cartões de crédito, o que torna importante carregar sempre uma quantidade adequada da moeda local. Eu sei que adequada não é um termo muito preciso, mas é que essa quantidade depende principalmente do consumo da moto, da quantidade de paradas, de pedágios e da rota a ser percorrida: no meu caso, calculei quanto gastaria entre combustível e refeições e adquiri a metade desse valor em pesos (mas atenção: essa regra pode não valer para os casos onde TODOS os postos e restaurantes do caminho precisarão ser pagos em moeda nacional).

9. Com o passar dos dias, é natural que o cansaço vá aumentando – e ter uma quilometragem menor para rodar a cada n dias é mandatório. Na viagem mais recente, rodei poucos quilômetros no quarto dia – 181 km – e aproveitei para conhecer melhor as cidades de origem e destino (Colonia del Sacramento e Montevideo): por mais que eu goste de andar de moto, a posição de pilotagem tende a ficar desconforável com o passar dos dias.

Só 181 km hoje? Ótimo

10. Como em geral as malas da moto têm dimensões reduzidas, selecionar criteriosamente o que levar é imprescindível: como alguns objetos precisam ser levados (de higiene pessoal, eletrônicos, capa de chuva, remédios, carregadores e muitos outros mais), lavar as roupas no hotel é uma hipótese a ser considerada, já que são elas que ocupam a maior parte do espaço disponível.

Por fim, resta dizer que uma viagem dessas vale muito a pena e o custo, comparado a outras formas de turismo, é bastante baixo. Por onde passamos o povo foi muito receptivo e educado e o mínimo que podíamos fazer (e fizemos) foi dar a atenção necessária – dizendo de onde viemos, que motos são aquelas, tirando fotos com as crianças, etc – para retribuir a gentileza recebida.

Boas estradas!

Cássio Pires é brasileiro, gaúcho, maior, vacinado e motoqueiro. Apelidado de Piréx por outros motoqueiros, mantém o excelente blog Diário de Bordo, que é o seu conjunto de anotações sobre viagens, festas, motos e tudo mais que orbita o universo motociclístico. Vale a pena a visita!

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