A bola de neve dos problemas

Olá pessoal. Eu fiquei um tempo meio longe do Blog por falta de tempo. Eu tenho estado muito ocupado nas últimas semanas e não ando tendo tempo para me atualizar sobre as novidades no mundo das motos e escrever sobre. Mas minhas tarefas vão começar a me dar uma pequena trégua nos próximos dias e eu voltarei a escrever regularmente. Mas hoje eu escrevo para contar um evento que me aconteceu na semana passada: Minha moto foi apreendida!

É o tipo de coisa que pensamos que jamais acontecerá conosco. Minha moto estava com ambos os pneus já perigosamente gastos. E eu estava adiando a troca pois eu dependo da moto para ir e voltar do trabalho, e não tive tempo de ir até a oficina para trocar os pneus, pois tenho saído muito tarde do escritório. E com essa desculpa esfarrapada eu olhava todos os dias para os pneus e pensava “vamos ver se hoje eu troco…”. E então subia na moto e (cuidadosamente) ia para o escritório, de onde eu só saíria após as 20h00.

Pois é, um dia eu tive uma reunião de trabalho em Osasco, então eu fui diretamente de casa para esta reunião, com a intenção de ir para o escritório (em Barueri, cidade vizinha) logo após. E foi neste trajeto rotineiro que a polícia rodoviária federal me abordou para a verificação de rotina, e acabou detectando que os pneus da moto estavam gastos.

Nessa hora, até pensei em tentar conversar com o PRF, para ver se ele poderia aliviar para mim, mas logo desisti pois eu senti uma certa satisfação na cara do sujeito, e logo vi que ele queria realmente fazer o trabalho dele. Como eu estava errado mesmo, acabei aceitando e entrei no procedimento, que me foi explicado passo-a-passo pelo policial.

Minha moto foi apreendida na praça de pedágio da Marginal da Rodovia Castelo Branco, sentido Interior. Lá já se encontravam dois guinchos, devidamente carregados de motos irregulares, 4 viaturas e uns 8 PRFs, além de 2 guincheiros e 2 ajudantes.

O policial me explicou:
1) Sua moto será apreendida. Assine este papel e fique com a cópia carbono, pois ele é necessário para liberar a moto do pátio.
2) Pegue aqui este folheto explicativo.
3) Sua moto vai ser guinchada até o pátio, que fica no KM 51, em Araçariguama, uns 2 km depois da entrada da cidade. (Eu estava no Km 17, em Osasco)
4) Você agora vai ficar a pé. Pois aqui não passa nenhum tipo de transporte público. Ali tem um orelhão caso queira ligar para alguém vir te buscar ou chamar um taxi.
5) Você compre um par de pneus novos para a sua moto, e compareça ao pátio com os pneus AMANHÃ entre as 9h e as 12h ou 13h e 16h. Hoje não pode pois a permanência mínima é de 1 dia.
6) Vá até o gabinete do policial que fica no pátio, e peça um boleto com as custas do pátio e guincho.
7) Pague o boleto em uma agencia bancária e leve o comprovante de volta ao pátio.
8) Troque os pneus da sua moto (lá no pátio, a moto não sai de lá sem os pneus novos). Se não me engano, tem um borracheiro que fica por lá justamente para atender estes casos…
9) Após nova vistoria do policial, sua moto será liberada.

Bom, fiz isso: Liguei para a minha mãe, que foi me buscar de carro, e enquanto esperava, cancelei todos os meus compromissos. Fui a uma moto-peças e comprei um casal de pneus, depois liguei para o tal pátio e me informei se não seria possível mesmo retirar a moto hoje, pois ainda era cedo. E o sujeito que me atendeu (não sei se era policial) me disse que não, pois a moto seria fotografada, e teria um processo burocrático de cadastrar a moto no sistema e bla bla bla (é sempre o sistema). No fim, deixei minha mãe em casa e fiquei com o carro. Como a esta altura já devia ser umas 14h, eu resolvi matar o dia e ir para casa tentar desacelerar um pouco. No caminho, eu parei para abastecer o carro, e pouco depois de sair do posto, percebi que o carro estava falhando demais e quase sem força. Arrastei o carro até em casa e estacionei. Depois fiquei pensando que talvez o frentista tivesse colocado álcool em vez de gasolina, e como o carro é carburado, não é muito tolerante a combustíveis diferentes.

Mais a noite, eu tive de ir buscar a Luana na estação de trem, e ao sair com o carro, ele estava impossível de dirigir. Minha casa fica em uma rua que é uma subida bem íngreme, e ele simplesmente não tinha potência para subir a rua. Foi um desespero. Tentei de tudo para fazer o carro subir mas ele morria assim que se passava o peso do carro para o motor. Com muito sacrifício, acabei dando a volta no quarteirão, pegando um pequeno impulso e consegui arrastar o carro até o topo de uma subida um pouco menos íngreme, e então cheguei a estação, peguei a Luana e fui para um posto de gasolina.

Lá no posto, pedi para que retire todo o combustível do tanque, para que eu possa colocar gasolina boa. Como a bomba de remoção do posto estava quebrada, e a idéia de ir para outro posto me parecia cansativa demais, resolvemos tentar tirar o combustível “a moda antiga”, usando uma mangueira e um tambor, com aquele método de sugar com a boca e tirar antes de beber a gasolina… Esse método deu certo para tirar apenas uns 3 litros de gasolina, então, o outro frentista deu a idéia de usar a bomba de ar (para encher pneus) para criar pressão dentro do tanque do carro, e assim pode retirar pela mangueira o restante do combustível.

Olha… que peleja… Depois de uns 40 minutos, conseguimos remover quase todo o combustível (que era álcool mesmo – aquele frentista infeliz!), e então, enchi o tanque com gasolina e fui embora, desta vez com o carro em perfeito funcionamento.

Chegamos em casa a 1h00 da manhã, mortos de fome e cansaço. Acho que fomos dormir lá pelas 2h00. Mas no dia seguinte, as 7h00 eu já estava de pé, as 8h00 eu já estava novamente na casa da minha mãe e as 9h00 em ponto eu estava no pátio em Araçariguama, depois de rodar quase 40km e pagar um pedágio.

Lá, percebi que o pátio é da ViaOeste, a mesma empresa que forneceu o guincho e que administra a rodovia onde minha moto foi apreendida. Do lado de fora, havia um rapaz borracheiro, com ferramentas e até um compressor de ar para fazer as trocas de pneus (pelo jeito, é o motivo de apreensão mais comum por ali). Ao entrar, havia um guichê onde eu fui atendido por um funcionário da ViaOeste, que depois de quase 15 minutos conseguiu emitir o boleto que eu deveria pagar. O boleto de R$ 318,00 correspondia a R$ 109 de partida do guincho, R$ 5 e alguns centavos por KM rodado, R$ 2 e alguns centavos pela escolta (por KM rodado também), mais R$ 35 e uns centavos por dia de pátio. Fiquei aqui imaginando quanto dinheiro aquele guincho, que deveria ter pelo menos umas 20 motos em cima, não deve ter feito em apenas uma viagem, e cheguei a conclusão que ele fez ali pelo menos R$ 6300,00… E a julgar pela quantidade de dentes que o guincheiro tinha na boca, cheguei a conclusão de que eu tinha escolhido a profissão errada…

Pneus de moto

Bom, o pátio fica no meio do nada… Uma zona rural provavelmente, então, peguei o carro e rodei 10 km até achar um Caixa eletrônico do meu banco, onde eu pude pagar o boleto e emitir o comprovante na hora, e então voltei (antes das 10h) para o pátio com o comprovante de pagamento. Também aproveitei para sacar um dinheiro para pagar o rapaz que iria trocar os pneus da moto por R$ 30 reais. Saquei R$ 100, pois posso ter cara de idiota, mas pelo menos sou prevenido.

Cheguei lá no pátio novamente, e o policial ficou surpreso “Mas já voltou!? O Banco só abre as 10!”. Eu contei que paguei no caixa eletrônico e ele chegou a fazer aquela pose de “não sei se vou aceitar esse comprovante”. Mas no fim aceitou e liberou a moto para o reparo.

Quando o borracheiro chegou, olhou para a minha moto (uma Yes 125) e disse “Xiii… essa roda é de liga leve. Liga leve é pneu sem câmara, e é mais caro…”
“Mais caro porque?” Eu disse, já esperando pela desculpa esfarrapada. Ai ele disse que tem que usar uma máquina especial para abrir o pneu (a mesma que ele usou para abrir todas as outras rodas, e que consistia de uma barra de ferro presa ao chão com um vergalhão curvo no formato do pneu para descolar a borda do pneu da borda da roda). Como eu queria economizar papo, perguntei quanto era, e ele prontamente disse “Cinqüenta reais”.

Autorizei o sujeito a fazer o serviço. Ele fez, foi pago e então eu pude ser liberado pelo policial.

Cheguei no escritório as 11h00.

Prejuízo:
Pneus: R$ 217,00 (ambos)
Pátio: R$ 318,00
Borracheiro: R$ 50,00
Pedágio: R$ 11,60
Combustível do carro: R$ 30,00
Multa: R$ 85,00 (que só vou pagar no licenciamento, daqui quase 1 ano)
Total: R$ 711,60

Isso sem contar o combustível que eu tive que colocar a mais no carro, e o tempo perdido (praticamente um dia inteiro de trabalho).

Agora já está tudo bem, mas não deixo de pensar que eu poderia ter gasto apenas o valor dos pneus se não tivesse adiado tanto. Além disso, poderia ter ficado sem os 4 pontos da infração média que tomei na minha CNH…

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